sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

441 ( 545 ) Purnaka e Irandati





Purnaka e Irandati pintados em Ajanta, cave II ; o balanço não aparece no texto mas é provável. Irandati sae do balanço e conversa com Puranaka que tem seu cavalo máyaco ao lado. a assembléia que vemos apenas parte na direita é a conversa do pai com a filha pedindo a ela que o ajude e a própria mãe. A imagem na caverna é a cores e tem mais de mil anos. Clique na imagem para vê-la ampliada.



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441 ( 545 )
Pálida, magra e fraca...etc.” - O Mestre contou este conto enquanto residia em Jetavana, relativo à Perfeição da Sabedoria. Um dia os Irmãos levantaram uma discussão no Salão da Verdade, dizendo, “Senhores, o Mestre tem sabedoria grande e larga, ele é de pensamento rápido e espontâneo, arguto, esperto e capaz de esmagar os argumentos de seus oponentes ; pelo poder de sua sabedoria ele derrubou as questões sutis propostas pelos sábios Kshatrias e os reduziu ao silêncio e tendo-os estabelecidos nos três Refúgios e nos preceitos morais, os fez entrar no caminho que leva à imortalidade.” O Mestre veio e perguntou qual era o tópico que os Irmãos estavam debatendo sentados ali juntos ; e entendendo qual era ele disse, “Não é nenhuma maravilha Irmãos, que o Tathagata, tendo atingido a Perfeição da Sabedoria, derrube os argumentos de seus oponentes e converta Kshatrias e outros. Pois em idades anteriores, quando ele ainda buscava o conhecimento supremo, ele foi sábio e hábil em esmagar os argumentos de seus oponentes. Sim verdadeiramente no tempo de Vidhura kumara, no cume da Montanha Negra que tem sessenta léguas de altura, pela força da minha sabedoria converti o general Yaksha, Purnaka, e o reduzi ao silêncio e o fiz oferecer a própria vida como um dom, oferta” ; e assim falando ele contou uma história do passado.

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1.

Certa vez no reino Kuru na cidade de Indrapatra um rei legislava chamado Dhanañjaya-korabba. Ele tinha um ministro chamado Vidhura pandita ( sendo pandita título de sábio letrado ; os dois nomes são de pandus, pandavas, filhos de Pandu no Mahabharata ) que lhe dava instruções em matéria temporal e espiritual ; e tendo fala doce e grande eloquência na discussão da lei, encantou, fascinou, todos os reis do Jambudwipa ( deste mundo, com um pé de Jambo no centro qual árvore do bem e do mal no centro do pardes ocidental ) com seus doces discursos relativos à lei como elefantes fascinados por um violão bem tocado, nem permitiu que eles partissem para seus países mas moraram lá, nesta cidade, em grande glória, ensinando a lei ao povo com todo o poder de Buddha. Bem, haviam quatro donos de casa Brahmin em Benares, amigos, que, tendo visto a miséria dos desejos, foram para o Himalaia e abraçaram a vida ascética, e tendo entrado nas faculdades transcendentais e nas meditações místicas , continuaram a residir por um longo tempo lá, alimentando-se na floresta de raízes e frutos e então quando saíram em suas rondas à procura de sal e vinagre, chegaram mendicantes na cidade de Kalacampa no reino de Anga. Lá quatro donos de casa que eram amigos, agraciados com a postura deles, prestam respeito e tomaram suas tigelas de oferta, servindo-os com comida fina cada um em sua própria casa e de promessa, ex voto, arranjaram as casas deles em seus jardins. Assim os quatro ascetas tendo tomado comida na casa dos quatro donos de casa, saíram para passar o dia, um indo para o céu dos Trinta e Três, outro para o mundo dos Nagas, outro para o mundo dos Suparnas e o quarto para o parque Migacira de propriedade do rei Koravya. Bem, aquele que passou o dia no mundo dos deuses, depois de contemplar a glória de Sakra, descreveu-a inteiramente a seus atendentes, e e do mesmo modo o fizeram aqueles que passaram o dia no mundo Naga e Suparna e do mesmo modo aquele que passou o dia no parque do rei Koravya, Dhanañjaya ; cada um descreveu inteiramente a glória daquele respectivo rei ( n. do tr. : são os quatro reis que como os quatro elementos estendem-se em quatro direções, tendências. Suparna seria dos pássaros e Naga dos répteis, peixes. Miga dos mamíferos. E os dos deuses, os humanos. Há semelhança com os quarto evangelistas como quatro animais e com o carro de Ezequiel na Bíblia ). Então estes quatro atendentes desejaram estes domicílios celestes e tendo feito ofertas e outras obras de mérito, no final de suas vidas, um nasceu Sakra, outro nasceu com esposa e filho no mundo Naga, outro rei Suparna no palácio do lago Simbali e o quarto foi concebido pela rainha principal do rei Dhanañjaya ; enquanto os quatro ascetas nasceram no mundo de Brahma. O príncipe Koravya cresceu, e com a morte de seu pai assumiu seu reino e legislou com retidão mas ele era famoso por sua habilidade nos dados. Ele escutava as instruções de Vidhura pandita e fazia ofertas e guardava a lei moral e observava os jejuns. Um dia quando estava de jejum, foi para o jardim, determinado a praticar meditações piedosas, e, tendo sentado em um lugar agradável, realizava os deveres de um asceta. Sakra também, tendo se comprometido com um jejum, descobriu que haviam obstáculos no mundo dos deuses, e então foi para aquele mesmo jardim no mundo dos seres humanos e, tendo sentado em um lugar agradável , realizava os deveres de um asceta. Varuna também, o rei Naga, tendo se comprometido em guardar jejum, descobriu que haviam obstáculos no mundo Naga, e então foi para mesmo jardim, e, tendo sentado em um lugar agradável, realizava os deveres de um asceta. O rei Suparna também, comprometendo-se em guardar jejum, descobriu que haviam obstáculos no mundo Suparna, e então foi para aquele mesmo jardim, e, sentando-se em um lugar agradável, realizava os deveres de um asceta. Então estes quatro, se levantaram de seus lugares à tardinha, e enquanto estavam às margens do lago real, reuniram-se e olharam um para o outro, e, repletos com a antiga gentil afeição deles, despertaram a anterior amizade e sentaram em com saudações prazerosas. Sakra sentou em um assento real e os outros sentaram como cabia à dignidade de cada um. Então Sakra disse a eles, “Somos todos quatro reis – bem qual a virtude preeminente de cada ?” Então Varuna o rei Naga respondeu, “Minha virtude é superior às de vocês três,” e quando eles inquiriram por quê, ele disse, “Este Suparna rei é nosso inimigo, seja antes ou depois que nascemos, e ainda assim quando vejo este inimigo destruidor de nossa raça nunca sinto qualquer raiva ; portanto minha virtude é superior” ; e ele então pronunciou a primeira estrofe do Jataka Punarka :

O bom homem que não sente nenhuma raiva de alguém que merece ódio e que nunca deixa raiva surgir dentro de si, ele, que mesmo irado não permite que ela seja vista, - a ele realmente podem chamar de asceta.

Estas são minhas qualidades ; portanto minha virtude é superior.”
O rei Suparna, escutando isto, disse, “Este Naga é meu alimento principal ; mas desde que, mesmo vendo tal comida às mãos, suporto minha fome e não cometo mal para me alimentar, minha virtude é superior,” e ele pronunciou esta estrofe :

Aquele que suporta a fome mesmo com a barriga doendo, um eremita com auto controle que come e bebe pela regra e não comete mal para alimentar-se, - a ele chama-se um asceta.

Então Sakra o rei dos deuses disse, “Deixei para trás, vários tipos de glórias celestes, todas fontes imediatas de felicidade e vim para o mundo dos seres humanos de modo a manter minha virtude, - portanto minha virtude é superior” ; e ele pronunciou esta estrofe :

Tendo abandonado todo esporte e prazer, ele não fala palavras falsas no mundo, ele é avesso a toda pompa exterior e desejo carnal, - tal homem podem realmente chamar de asceta.

Assim pois Sakra descreveu sua própria virtude.
Então Rei Dhanañjaya disse, “Eu ho-je abandonei minha corte e meu harém de dezesseis mil garotas dançarinas e pratico deveres de asceta num jardim ; portanto minha virtude é superior” ; e ele adicionou esta estrofe :

Aquele que com entendimento pleno abandona tudo quê se chama próprio e todas as obras da luxúria, ele que tem auto controle, resolução, altruísmo, e é livre de desejo, - a ele realmente chama-se asceta.

Assim eles declararam cada um sua própria virtude como superior e perguntaram a Dhanañjaya, “Ó rei, há algum homem sábio em tua corte que possa resolver esta dúvida ?” “Sim, Ó reis, tenho Vidura pandita, que tem um cargo de responsabilidade única e declara a lei civil e eclesiástica, ele resolverá nossa dúvida, vamos até ele.” Eles imediatamente consentiram. Eles então saíram do jardim e foram para o salão das assembleias religiosas, e, tendo ordenado que fosse ornamentada, colocaram o Bodhisatva sentado em um alto assento, e, saudando-o com uma saudação amigável, sentaram mais embaixo ao seu lado e disseram, “Ó sábio senhor ! Uma dúvida surgiu em nossas mentes, resolve-a para nós :

Perguntamos a ti ministro de elevada sabedoria : uma disputa surgiu em nossos pronunciamentos – considere e resolva nossa perplexidade ho-je, que através de ti ho-je possamos escapar de nossa dúvida.

O sábio, tendo escutado as palavras deles, respondeu, “Ó reis, como saberei o que dissestes bem ou mal relativo a vossa virtude, quando falastes as estrofes na sua disputa ?” e adicionou esta estrofe :

As pessoas sábias que conhecem o real estado das coisas e que falam sabiamente no momento adequado, - como elas, apesar de sábias, configuram o sentido de versos que não foram ditos a elas ? Como o rei Naga falou, como Garula, o filho de Vinata ? E o quê disse o rei dos Gandharvas ? Ou como falou o muito nobre rei dos Kurus ?

( Garula aparece nomeado no lugar de Suparna e Gandharva no dos deuses ). Então eles falaram esta estrofe a ele :

O rei Naga pregou paciência, Garula o filho de Vinata gentileza, o rei dos Gandharvas abstinência de luxúria carnal e o muito nobre rei dos Kurus liberdade de todos os impedimentos à perfeição religiosa.

Assim o Grande Ser, tendo escutado estas palavras, pronunciou esta estrofe :

Todos estes ditos são bem falados, - nada há de incorreto ; e aquele em quem estes cabem adequadamente como os raios no cubo de uma roda, - ele, que está dotado destas quatro virtudes, é chamado asceta realmente.

Assim o Grande Ser declarou a virtude de cada um deles como a mesma e uma única. Então os quatro, escutando-o, ficaram agraciados e falaram esta estrofe em louvor :
Você é o cara, és incomparável, és sábio, um guardião e conhecedor das leis : tendo apreendido o problema com tua sabedoria, cortaste as dúvidas com tua habilidade como um trabalhor de marfim o faz com sua serra.

Todos os quatro então ficaram felizes com a explicação dele para a questão. Sakra o recompensou com uma roupa de seda celeste, Garula com uma guirlanda dourada, Varuna o rei Naga com uma jóia e Rei Dhanañjaya com mil vacas etc ; Dhanañjaya dirigiu a ele esta estrofe :

Dou a mil vacas e um touro e um elefante e e estas dez carruagens puxadas por corcéis puro-sangue, e dezesseis cidades excelentes, estando agraciado com tua solução da questão.

Então Sakra e o resto, tendo prestado toda a honra ao Grande Ser, partiram para seus próprios domicílios. Aqui termina a secção do jejum quádruplo.

2.

Bem, a rainha do rei Naga era a senhora Vimala ; e quando ela viu que não havia
a joia ornamental no pescoço do marido, ela perguntou a ele onde ela estava. Ele respondeu, “Fiquei agradecido em escutar o discurso moral de Vidhura pandita filho do Brahmin Canda que presenteei a joia a ele e não apenas recebeu isto mas Sakra o honrou com uma roupa de seda celeste, o rei Suparna deu uma guirlanda dourada e Rei Dhanañjaya mil vacas e muitas outras coisas além.” “Ele é, suponho, eloquente na lei.” “Senhora, do que estais falando ? É como se Buddha aparecesse no Jambudwipa ! Cem reis de toda a Jambudwipa, tendo sido pegos por seu discurso melífluo, não retornaram para seus reinos mas permaneceram como elefantes fascinados pelo som de violão bem tocado, - tal é o caráter da eloquência dele !” Quando ela escutou o relato da preeminência dele, ela desejou escutar seu discurso sobre a lei, e pensou consigo mesma , “S'eu falar ao rei que desejo escutá-lo discursando sobre a lei e pedir para trazê-lo aqui, ele não o trará para mim ; e s'eu fingir que estou doente e disser que tenho um desejo ?” Ela então fez um sinal para sua empregada e foi para a cama. Quando o rei não a viu ao visitá-la, perguntou as empregadas onde Vimala estava. Eles responderam que ela estava doente, e quando ele foi vê-la ele sentou na beira da cama e fez carinho nela e falou a estrofe :

Pálida, magra e fraca, - tua cor e aparência não eram assim antes, - Ó Vimala, responda minha pergunta, que dor é esta no teu corpo que te assola ?

Ela diz em seguida :

Há uma afeição nas mulheres ; chama desejo, Ó rei ; Ó monarca dos Nagas, desejo que o coração de Vidhura seja trazido aqui, sem engano.

Ele respondeu a ela :

Desejes a lua ou o sol ou o vento ; o olhar mesmo de Vidhura é difícil de conseguir : quem será capaz de trazê-lo aqui ?

Quando ela escutou tais palavras, exclamou, “Morrerei se não conseguir isto,” e assim virou para o lado na cama e mostrou as costas e cobriu a face com a ponta da roupa. O rei Naga foi para seu próprio quarto e sentou em sua cama e ponderou qual inclinada estava Vimala em obter o coração de Vidhura ; “Ela morrerá se não obtiver a carne de seu coração ; como posso conseguir isto para ela ?” Bem, sua filha Irandati, uma princesa Naga, chegou com toda sua beleza e ornamento para prestar respeito a seu pai, e, tendo-o saudado, permaneceu em um lado. Ela percebeu que a aparência dele estava estressada e disse, “Você está com um grande problema – qual a razão ?”

Ó pai, por quê estais cheio de preocupação, por quê a tua face está como um lótus colhido com a mão ? Por quê estais acabrunhado, Ó rei ? Não lamentes, Ó conquistador dos teus inimigos.

Escutando as palavras de sua filha, o rei Naga respondeu :

Tua mãe, Ó Irandati, deseja o coração de Vidhura ; conseguir olhar Vidhura já é difícil, - quem será capaz de trazê-lo aqui ?

Então ele disse a ela, “Filha, não há ninguém em minha corte que possa trazer Vidhura aqui ; dê vida a tua mãe e procure algum marido que possa trazer Vidhura.”
Assim ele a enviou com meia-estrofe, sugerindo pensamentos impróprios a sua filha :

Busque um marido, que traga Vidhura aqui.

E quando ela escutou as palavras de seu pai, ela saiu na noite e deu livre curso ao desejo apaixonado.

E enquanto ela ia, colhendo todas as flores do Himalaia, que tinham cores, cheiro ou gosto, e tendo adornado toda a montanha qual joia preciosa, estendeu uma cama de flores nela e executando dança agradável cantava doce canção :

Qual gandharva, ou demônio, que Naga, kimpurasa ou pessoa, ou que sábio, capaz de conceder todos os desejos, será meu esposo na longa noite ?

( kimpurasa, significa, 'será gente ?' sendo uma mistura de bicho com humano )

Bem, naquela hora o sobrinho do grande rei Vessavana ( Kuvera ) chamado Purnaka, general Yaksha, enquanto cavalgava um cavalo Sindh mágico, três léguas de extensão e apressava-se na superfície vermelha na Montanha Negra para um encontro de Yakshas, escutou aquela canção dela e a voz da mulher que ele escutara na sua última vida passada atravessou sua pele e nervos e penetrou em seus ossos ; e, estando fascinado por ela, ele voltou, sentado como estava no cavalo Sindh e dirigiu-se a ela, para confortá-la, “Ó senhora, posso trazer para ti o coração de Vidhura com meu conhecimento, santidade e calma, - não fique ansiosa com isto.” e ele adicionou este verso :

Fique à vontade, serei teu marido, serei teu marido, ó tu de olhos sem defeito : verdadeiramente meu conhecimento é tanto, esteja á vontade, serás minha esposa.

Então Irandati respondeu, com seus pensamentos seguindo a velha experiência de cortejar em uma vida passada, “Venha vamos no meu pai, ele explicará o assunto para ti.”

Adornada, vestida com trajes brilhantes, usando guirlandas e ungida com sândalo, ela pegou o Yaksha pela mão e foi até a presença de seu pai. E Purnaka, indo atrás, foi até seu pai o rei Naga e pediu ela em casamento :

Ó chefe Naga, escute minhas palavras, receba um presente adequado por tua filha ; peço Irandati : dê-ma para mim. Cem elefantes, cem cavalos, cem mulas e carruagens, cem cargueiros completos cheios com todo tipo de gemas, - pegue tudo isto, Ó rei Naga e me dê tua filha Irandati.

O rei Naga respondeu :

Espere até eu consultar meus parentes, meus amigos e próximos ; um negócio feito sem consulta leva depois a arrependimento.

Então o rei Naga entrando no seu palácio, falou estas palavras enquanto consultava sua esposa, “Este Purnaka, o Yaksha me pede Irandati ; devemos dá-la a ele em troca de muita riqueza ?”

Vimala respondeu :

Nossa Irandati não é para ser ganha em troca de riqueza ou tesouro ; se ele obter com seu próprio valor e me trouxer aqui o coração do sábio, a princesa será dada em troca de tal riqueza, - não pedimos tesouro outro.

Então o Naga Varuna saiu de seu palácio e falando com Purnaka disse para ele :

Nossa Irandati não é para ser ganha em troca de riqueza ou tesouro ; se ele obter com seu próprio valor e me trouxer aqui o coração do sábio, a princesa será dada em troca de tal riqueza, - não pedimos tesouro outro.

Purnaka respondeu :

Aquele que alguns chamam um sábio, outros chamariam um tolo ; me diga, pois falam opiniões diversas sobre o assunto, quem é aquele que tu chamas um sábio, Ó Naga ?

O rei Naga respondeu :

Se tu escutaste falar de Vidhura o ministro do rei Koravya Dhanañjaya, traga-me este sábio aqui e que Irandati seja tua fiel esposa.

Escutando estas palavras de Varuna, o Yaksha saltou altamente contente ; justo como estava, ele disse imediatamente para seu empregado, “Traga-me o puro sangue arreado.”
Com brincos dourados, cascos de rubi e armadura de ouro fundido.
O empregado trouxe o cavalo Sindh assim ajaezado ; e Purnaka, tendo montado nele, foi pelos céus até Vessavana ( Kuvera ) e contou a ele a aventura, assim descrevendo o mundo Naga ; como segue :

Purnaka, tendo montado em seu cavalo, cavalo de batalha adequado aos deuses, ele também ricamente adornado e com barba e cabelo aparados, foi pelos céus.
Purnaka, cobiçoso de paixão do desejo, ansiando em ganhar a donzela Naga Irandati, tendo ido até o glorioso rei, dirigiu-se assim a Vessavana Kuvera :

   'Há o palácio Bhogavati chamado Casa Dourada, a capital do reino serpente ereta em sua cidade dourada.
Torres de vigia que mimetizam lábios e pescoços, com rubis e olhos de gato enjoialhados, palácios construídos em mármores e ricos em ouro, cobertos com jóias encrustadas em ouro.
Mangas, árvores tilaka ( tipo de gergelim ), jambo, sattapannas, mucalindas e ketakas, piyakas, uddalakas e sahas e sinduvaritas com abundância de floração,
Champacas, nagalamikas, bhaginimalas e árvores de jujuba, - todas estas árvores diferentes curvadas com seus galhos, emprestavam beleza ao palácio Naga.
Há uma palmeira de castanha grande ornada de pedras preciosas com flores douradas que não fenecem e lá mora o rei Naga Varuna, dotado de poderes máyacos e nascido de nascimento sobrenatural.
Lá mora sua rainha Vimala com um corpo qual trepadeira dourada, alta como uma planta kala jovem, bonita de ver com os seios como frutas nimba.
De pele bela e pintada com tinta laca, qual árvore kanikara em flor em um lugar protegido, como ninfa habitante do mundo deva, qual relâmpago de luz em nuvem grossa.
Extraviada e cheia de desejos estranhos, ela quer o coração de Vidhura. Darei-o a eles, Ó rei, - eles me darão em troca Irandati.'

Como não ousava partir sem a permissão de Vessavana, ele repetiu estas estrofes para informá-lo sobre. Mas Vessavana não o escutava, pois estava atarefado na disputa sobre um palácio entre dois filhos dos deuses. Puranaka, sabendo que as palavras não eram ouvidas, permaneceu próximo daquele que se mostrou vitorioso na disputa. Vessavana, tendo decidido a querela, nem pensou no derrotado mas disse ao outro, “Vais tu e mores no teu palácio.” Diretamente as palavras ditas “Vais tu”, Purnaka chamou alguns filhos dos deuses de testemunha e disse, “Vocês vêem que sou enviado por meu tio,” e imediatamente ordenou que trouxessem o corcel e montou nele e partiu.
O Professor assim descreve o que aconteceu :

Purnaka, tendo se despedido de Vessavana Kuvera o glorioso senhor dos seres, deu ordem para o empregado que estava lá, “Traga-me o puro sangue arreado.” Com brincos dourados, cascos de rubi e armadura de ouro fundido.
Purnaka, tendo montado no corcel transportador dos deuses, adornado e com a barba e cabelo arrumados, foi pelo espaço atravessando os céus.

Enquanto ia pelos ares ele ponderava, “Vidhura pandita tem um grande séquito e não pode ser tomado pela força mas Dhanañjaya Koravya é conhecido por sua habilidade nos dados. Foi ganhar dele no jogo e pegar Vidhura pandita. Bem, existem muitas jóias em sua casa : ele não jogará por quantia pouca ; devo levar uma joia de grande valor, o rei não aceitará uma jóia comum. Bem, há uma joia preciosa em valor que pertence ao monarca universal, na Montanha Vepulla próximo à cidade de Rajagaha ; pegarei-a e seduzirei o rei para jogar e assim ganhar dele.” E ele fez isto.
O Professor declarou toda a história :

Ele foi à agradável Rajagaha, à distante cidade de Anga, rica em provisões e de abundante comida e bebida. Como Masakkasara, a capital de Indra, cheia com os sons de pavões e siriemas, ressoante, com muitos belos pátios e com toda espécie de pássaros qual a montanha Himavat coberta de flores. Então Purnaka subiu Monte Vepulla, com seus cumes rochosos habitados por kimpurusas ( metade gente metade bicho ), buscando a joia gloriosa e por fim ele a viu no meio da montanha.
Quando ele viu a preciosa gema gloriosa daquele modo emitindo luz, brilhando tão esplendidamente em sua beleza, iluminando como raio do céu, - ele logo apanhou a preciosa lapis lazuli, a jóia de valor incalculável e montado em seu corcel inigualável, ele mesmo de nobre beleza, correu pelo espaço através dos céus.
Ele foi para a cidade de Indrapatra e pousou na corte dos Kurus ; o Yaksha destemido chamou cem soldados que estavam lá reunidos.
'Quem deseja ganhar um prêmio de reis ? ou quem quer ganhar numa disputa de valor ? Que joia de valor incalculável vamos disputar ? Ou quem ganhará nosso grande tesouro ?'

Assim em quatro linhas ele louvava Koravya. Então o rei pensou consigo mesmo, “Nunca vi um herói como este que falasse tais palavras ; quem deve ser ?” e perguntou a ele com esta estrofe :

Em que reino tu nascestes ? Estas não são palavras de um Koravya : tu ultrapassas todos nós em tua postura e aparência ; me diga teu nome e parentela.

O outro refletiu, “Este rei me pergunta meu nome : que é servo Purnaka ; ,mas s'eu disser isto a ele, que sou Purnaka, ele dirá, 'Ele é um servo, por quê fala comigo com tanta audácia ?' e me desprezará ; direi a ele meu nome na última vida passada.” E assim falou uma estrofe :

Sou um jovem chamado Kaccayana, Ó rei ; não me consideram com nome desprezível ; minha parentela e amigos são de Anga ; vim aqui com o intuito de jogar.

O rei perguntou a ele, “O quê darás se perderes no jogo ? O que trouxestes ?” e falou esta estrofe :

Que joia tem o jovem, que o jogador que o vença pode ganhar ? Um rei tem muitas jóias, - como pode tu, um pobre homem, me desafiar então ?

Purnaka respondeu :

Esta é uma joia fascinante, é uma joia gloriosa que traz riqueza ; e o jogador que me vencer ganhará este corcel sem igual que assola todos os inimigos.

Quando o rei escutou-o, respondeu :

Que fará uma joia, Ó jovem ? E que vale um puro sangue ? Muitas jóias preciosas pertencem a um rei, e muitos corcéis inigualáveis rápidos como o vento.

( continua no jataka 545 a partir daqui Purnaka fala do cavalo e da joia, vence o jogo e leva Vidhura ao mundo Naga ).



domingo, 12 de fevereiro de 2012

440 Buddha sorri


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    Indra / Sakra em retrato de Ajanta com coroa sendo as pessoas acima, pessoas  do céu dos trinta e três.  



440
Veja aquele homem lá longe...etc.” - Esta história o Mestre contou em Kapilavasthu no Parque Banyan, sobre sorrir.

Naquele tempo dizem que o Mestre, vagando à pé com seu bando de Irmãos no Parque Banyan à noitinha, em um certo lugar deu um sorriso. Disse o Ancião Ananda, “Qual será a causa, qual será a razão, para que o Abençoado sorria ? Não sem causa os Tathagatas sorriem. Perguntarei a ele então.” Então com um gesto de obediência ele perguntou sobre este sorriso. O Mestre disse, “Em dias idos, Ānanda, havia um certo sábio, chamado Kanha, que neste mesmo lugar, nesta terra, vivia meditativo, na delícia da meditação ; e pelo poder de sua virtude o domicílio de Sakra foi sacudido.” Mas como esta fala sobre o sorrir não estava clara, com o pedido do Ancião ele contou esta história do passado.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), havia um certo Brahmin sem filhos, que possuindo uma fortuna de oitocentos milhões, tomou para si os votos da virtude e rezava por um filho ; no útero da esposa deste brahmin foi concebido o Bodhisatva e devido a sua cor negra deram a ele no dia de seu batismo o nome de Kanha kumara, jovem Negro. Ele, na idade de dezesseis anos, estando cheio de de esplendor, parecendo uma imagem feita em pedra preciosa, foi enviado por seu pai para Takkasila ( Taxila ) onde ele aprendeu todas as artes liberais e depois retornou. Então seu pai providenciou para ele uma esposa adequada. E logo logo ele partilhou de todas as propriedades dos pais.

Bem, um dia, após inspecionar as casas dos tesouros, enquanto estava sentado em seu belo sofá, pegou em sua mão um prato de ouro e lendo no prato dourado estas linhas escritas pelos seus parentes de dias antigos, “Tanto da propriedade ganha por fulano, tanto por sicrano,” pensou consigo, “Aqueles que ganharam esta riqueza não são mais vistos mas a riqueza ainda é vista ; nenhum deles podem usá-la no lugar para onde foram ; não podemos amarrar nossa riqueza numa trouxa e levá-la conosco para o outro mundo. Vendo que ela está conectada com os Cinco Pecados, distribuir em ofertas esta vã riqueza é o melhor a ser feito ; vendo que este corpo vão está conectado com muita doença, mostrar honra e gentileza ao virtuoso é o melhor a ser feito ; vendo que esta vida é transitória e vazia é passageira, lutar por insight espiritual é o quê deve ser feito. Portanto estes tesouros vãos vou distribuir em ofertas, e fazendo isto ganho a melhor parte.” Então ele levantou-se do assento e tendo pedido o consentimento do rei, fez ofertas bondosamente.
No sétimo dia não vendo diminuição na riqueza ele pensou, “O quê é riqueza para mim ? Apesar de ainda não ter a sabedoria da velhice, agora mesmo farei os votos de asceta, cultivarei as Faculdades e as Consecuções, e me tornarei destinado ao céu de Brahma !” Assim ele fez com que fossem abertas todas as portas da sua residência e disse que se podia levar tudo de graça ; e rejeitando tudo como coisa impura, ele abandonou todos os desejos dos olhos e no meio de lamentos e lágrimas de uma grande multidão, saiu da cidade e foi para a região do Himalaia. Lá ele abraçou a vida solitária ; e buscando um lugar agradável para residir, encontrou um e lá resolveu morar ; e escolhendo uma árvore corcubitácea ( da espécie da cabaça e da abóbora ) como lugar para se alimentar, lá morou e viveu nas raízes desta árvore ; nunca se alojando dentro da vila, tornou-se um habitante das florestas, à céu aberto sentado sempre, ou se ele desejasse deitar, deitando no chão, sem pilão, apenas os dentes para triturar a comida, comendo apenas coisas cruas sem cozinhar no fogo, comendo apenas uma vez ao dia e sentado. No chão, como se fosse um com os quatro elementos, ele viveu, tomou sobre si as virtudes ascéticas ( viver só, debaixo d'árvore, dormir sentado etc. ). Neste Jataka o Bodhisatva, como vemos, tinha muito poucas vontades.

Assim em pouco tempo ele atingiu as Faculdades e as Consecuções e vivia naquele lugar em ênstase de meditação enstática. Em busca de frutos selvagens não precisava andar muito ; quando o fruto crescia n'árvore, ele comia o fruto ; no tempo das flores, comia flores ; quando as folhas cresciam ele comia as folhas ; quando nem folhas havia comia a casca d'árvore. Assim no mais alto contentamento viveu um longo tempo neste lugar. Como de manhã ele costumava catar as frutas daquela árvore, nenhuma vez cobiçou levantar-se e catar fruta em outro lugar. No lugar onde sentava, ele esticava a mão e catava toda a fruta que estava ao alcance das mãos ; estas ele comia sem distinção entre boa e ruim. Como ele continuava com prazer assim , pelo poder de sua virtude o trono de pedra amarela de Sakra começou a esquentar. ( este trono, dizem, aquece-se quando a vida de Sakra dirige-se para o fim ou quando seu mérito está gasto e terminado ou quando algum Ser poderoso prega, ou através da eficácia da virtude de sacerdotes e brahmins cheios de potência. ).
Então Sakra pensou, “Quem é que vai me desalojar agora ?” Verificando ao redor, ele viu, vivendo na floresta, em uma certo lugar, o sábio Kanha, catando frutos e soube que ele era o sábio de temerosa austeridade, dominando todos os sentidos ; “Vou até ele,” pensou, “Farei que ele proclame a Lei ( o Dharma ) em tons de trompete e tendo escutado a pregação que dá paz, vou satisfazê-lo com um dom e fazer sua árvore dar frutos sem cessar e então retornarei para cá.” Então com seu super poder desceu rapidamente e permanecendo em pé junto da raiz d'árvore atrás do sábio, ele disse, para testar se o sábio ficaria irado ao mencionar sua feiúra, a primeira estrofe :

Veja aquele homem, todo preto na aparência, que vive neste lugar preto,
Preta é a comida que ele come – meu espírito não gosta dele !

O moreno Kanha o escutou. “Quem é que fala comigo ?” - através do seu insight divino ele percebeu que era Sakra ; e sem virar, respondeu com a segunda estrofe :

Apesar de preto na aparência, um brahmin verdadeiro de coração, Ó Sakra, vês :
Não pela pele mas se ela peca, então deve ser preta uma pessoa.

E então, depois disto, tendo explicado seus diversos tipos e culpado os pecados que tornam uma pessoa preta e louvado a bondade das virtudes, ele discursou para Sakra e foi como se fizesse a lua elevar-se no céu. Sakra ao escutar o discurso, encantado e deliciado, ofereceu um dom ao Grande Ser e repetiu a terceira estrofe :

Bem falado, brahmin, nobremente colocado e excelentemente dito :
Escolha o que queres – como pede teu coração, assim seja tua escolha.

Escutando isto o Grande Ser pensou consigo mesmo. “Sei como deve ser. Ele deseja me testar e ver se fico irado com a menção da minha feiúra ; contudo apesar dele abusar da minha cor de pele, da minha comida e da minha moradia ; percebendo que não fiquei irado, ficou feliz, e me oferece um dom ; sem dúvida ele pensa que pratico este modo de vida por desejo de poder de Sakra ou de Brahma ; e agora, para dar razão a ele, devo escolher estes quatro dons : que eu possa ser calmo, que eu possa dentro de mim não ter ódio ou malícia contra meu vizinho e que eu possa não ter cobiça pela glória ou luxúria do vizinho.” Assim ponderando, para resolver a dúvida de Sakra, o sábio pronunciou a quarta estrofe, clamando estes quatro dons :

Sakra, o senhor de todo o mundo, uma escolha de bençãos ofereceu.
Livramento eu teria de malícia, ódio, cobiça,
E livre de toda luxúria também : estas bençãos anelo.

Com isto pensou Sakra : “O sábio Kanha, escolhendo seu dom, escolheu quatro bençãos sem culpas. Agora perguntarei a ele o quê é bom ou mal nestas quatro coisas.” E ele perguntou a questão repetindo a quinta estrofe :

Na luxúria, no ódio, na cobiça, na malícia, diga brahmin
Que males vês ? Me responda isto, prego.

Escute então,” respondeu o Grande Ser e pronunciou quatro estrofes :

Porque ódio, alimentado por má-vontade, sempre aumenta de pouco para muito,
Ficando cheio de amargor, daí não quero ódio.

É sempre assim com as pessoas más : primeiro fala, depois toque nós vemos,
Em seguida punho, então porrete e por último golpe de espada cintilando livre :
Onde malícia está, lá segue o ódio – nenhuma malícia então para mim.

Quando as pessoas fazem a velocidade incitar ganância, fraude e engano surgem,
E a perseguição rápida de um botim selvagem – portanto, sem cobiça.

Firmes são os grilhões amarrados pela luxúria, que desenvolve abundantemente
Dentro do coração, doendo pungentemente – nenhuma luxúria então para mim.

Sakra, suas questões assim resolvidas, respondeu, “Sábio Kanha, por você foram resolvidas docemente minhas questões, com habilidade de Buddha ; bem satisfeito contigo estou ; agora escolha outro dom” : e repetiu a décima estrofe :

Bem falado, brahmin, nobremente colocado e excelentemente dito :
Escolha o que queres – como pede teu coração, assim deixe tua escolha ser feita.
Instantaneamente o Bodhisatva repetiu uma estrofe :

Ó Sakra, senhor de todo o mundo, um dom tu me apregoa.
Onde na floresta sempre morei, onde completamente só resido,
Me dê que nenhuma doença prejudique minha paz ou quebre meu ênstase.

Escutando isto, pensou Sakra, “Sábio Kanha, escolhendo um dom, não escolhestes nada relacionado à comida ; tudo que ele escolheu está relacionado à vida ascética.” Deliciado sempre mais e mais, ele adicionou ainda outro dom e recitou outra estrofe :

Bem falado, brahmin, nobremente colocado e excelentemente dito
Escolha o que queres – como pede teu coração, assim deixe tua escolha ser feita.

E o Bodhisatva, estabelecendo este dom,declarou a lei na estrofe conclusiva :

Ó Sakra, senhor de todo o mundo, uma escolha tu me pede para declarar :
Nenhuma criatura seja de nenhum modo ferida por mim, Ó Sakra, em qualquer lugar,
Nem no corpo nem na mente : este, Sakra, é meu pedido.

Assim o Grande Ser, em seis ocasiões fazendo escolha de dom, escolheu somente aquilo que pertencia à vida de Renúncia. Bem sabia ele que o corpo é doença e nem Sakra poderia afastar a doença dele ; nem cabe a Sakra limpar os seres vivos nos Três Portões ( do corpo, da fala e da mente : os três portões por onde entra o mal ) ; não obstante isto, ele fez sua escolha para que no fim declarasse a lei a ele. E Sakra fez aquela árvore dar frutos perenemente e saudando-o com um toque na cabeça com as mãos juntas, ele disse, “More aqui para sempre livre de doença,” e foi para sua própria residência. Mas o Bodhisatva, sem nunca quebrar seu ênstase, tornou-se destinado ao mundo de Brahma.
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Esta lição terminada, o Mestre disse, “Este, Ananda, é o lugar onde morei em tempos anteriores,” e assim identificou o Jataka : “ Naquele tempo Anurudha era Sakra, e eu mesmo era Kanha, o sábio.”