terça-feira, 23 de outubro de 2012

454 Krishna e Buddha



   ( as Gopis, esposas de Brâmanes dando leite a Krishna tendo Balaram do lado em Mathura. o desenho é do séc. XVII, Pahâri. )
       
             454
Krishna Kanha, levante...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana sobre a morte de um filho. As circunstâncias são semelhantes àquelas no Jataka 449. Aqui também o Mestre pergunta ao irmão leigo, “Estás triste, irmão ?” Ele respondeu, “Sim, Senhor.” “Irmão,” disse o Mestre, “muito tempo atrás sábios escutaram sábias palavras e não choraram pela morte de um filho.” E com o pedido dele, contou uma história do passado. [ n. do tr. : a história é uma síntese da vida de Sri Krishna de olhos de lótus, negro, na era passada com os nomes das pessoas e das cidades sendo o mesmo assim como o enredo cf Bhagavata Purana parte IV vol 10 dos Puranas. Hari, Narayana, Govinda, Vasudeva, Kesava, Krishna e outros mil nomes são da mesma Pessoa, Sarva, Sambhu, Hrishikesa, Acyuta, Aquele que alimenta todas criaturas como o luminar marcado pela lebre, enfim Vishnu em todas suas encarnações, Mahabharata, Anusasana parva seç. CXLIX. Sri Krishna não matou ninguém na guerra do Mahabharata apenas dirigiu o carro de Arjuna tendo a misericórdia da autoridade espiritual suprema. Buddha teria sido um dos irmãos mais novos dele o quê aproxima as duas religiões e conta um encontro sagrado por excelência da Antiguidade. Aum, Om, saudações a Ele. ]
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Certa vez, um rei chamado Mahakamsa reinava em Uttarapatha no distrito de Kamsa na cidade de Asitañjana. Ele tinha dois filhos, Kamsa e Upakamsa e uma filha chamada Devagabbha. No dia do aniversário dela os brahmins que adivinhavam o futuro disseram dela : “Um filho nascido desta garota irá um dia destruir o país e a linhagem de Kamsa.” O rei gostava muito da garota para executá-la ; e deixando que os irmãos dela determinassem, viveu o resto de seus dias e depois morreu. Quando ele faleceu Kamsa se tornou rei e Upakamsa vicerey. Eles consideraram que haveria revolta se matassem sua irmã e então resolveram não dá-la em casamento para ninguém e mantê-la sem marido e vigiá-la ; e construíram uma torre redonda isolada para ela viver.
Bem, ela tinha uma empregada chamada Nandagopa e o marido da mulher, Andhakavenhu, era o empregado que a vigiava. Naquele tempo um rei chamado Mahasagara reinava em Madhura Superior e ele tinha dois filhos, Sagara e Upasagara. Com a morte do pai deles Sagara se tornou rei e Upasagara vicerey. Este rapaz era amigo de Upakamsa, criado junto com ele e ensinado pelo mesmo professor. Mas ele fez intriga na zenana ( aposento das mulheres ) do irmão e tendo sido detectada, fugiu correndo para Upakamsa no estado de Kamsa. Upakamsa o apresentou ao rei Kamsa e o rei o teve em grande honra.
Upasagara enquanto estava junto ao rei observou a torre onde morava Devagabbha ; e perguntando quem morava lá, escutou a história e ficou apaixonado pela garota. E Devagabbha um dia o viu quando junto com Upakamsa iam servir o rei. Ela perguntou quem era e sendo informada por Nandagopa que era Upasagara, filho do grande rei sagara, ela também caiu apaixonada por ele. Upasagara deu um presente para Nandagopa dizendo, “Irmã, podes arranjar um encontro meu com Devagabbha.”
Bastante fácil,” cotejou Nandagopa e contou à garota sobre. Ela estando já apaixonada por ele concordou imediatamente. Uma noite Nandagopa arranjou um local de encontro e trouxe Upasagara para cima da torre ; e lá ele ficou com Devagabbha. E com o constante encontro dos dois, Devagabbha concebeu. Logo ficou-se sabendo que ela estava grávida e os irmãos questionaram a Nandagopa. Ela os fez prometer que a perdoariam e então contou os ir e vir do assunto. Quando eles escutaram a história, pensaram, “Não podemos matar nossa irmã. Se ela gerar uma filha, pouparemos o bebê também ; se um filho, o mataremos.” E deram Devagabbha como esposa para Upasagara.
Quando o tempo de gestação se completou ela deu à luz uma menina. Os irmãos escutando isto ficaram aliviados e deram a ela o nome Senhora Añjana. E concederam a eles uma vila como feudo chamada Govaddhamana. Upasagara pegou Devagabbha e viveu com ela na vila de Govaddhamana.
Devagabbha ficou noamente grávida e no mesmo dia Nandagopa também. Quando o tempo delas chegou,deram a luz no mesmo dia, Devagabbha um filho e Nandagopa uma filha. Mas Devagabbha, temendo que matassem seu filho, o enviou secretamente para Nandagopa e recebeu a filha de Nandagopa em troca. Elas contaram aos irmãos o nascimento. “Filho ou filha ?” perguntaram. “Filha,” foi a resposta. “Então cuide da criação dela,” disseram os irmãos. Do mesmo jeito Devagabbha deu à luz dez filhos e Nandagopa dez filhas. Os filhos viviam com Nandagopa e as filhas com Devagabba e ninguém sabia do segredo.
O filho mais velho de Devagabbha foi chamado Vasu-deva, o segundo Bala-deva, o terceiro Canda-deva, o quarto Suriya-deva, o quinto Agni-deva, o sexto Varuna-deva, o sétimo Ajjuna, o oitavo Pajjuna, o nono Ghata-pandita e o décimo Amkura ( n. do tr. : Krishna, Bala-rama ( irmão de Krishna ), Lua, Sol, Fogo, Varuna o deus do céu, a árvore Terminalia Arjuna, a Nuvem de Chuva, o Sábio do Ghee ( manteiga ), Rebento ( broto ). A história parece conter um cerne de mito da natureza ). Eles ficaram conhecidos como os filhos de Andhakavenhu o servidor, os Dez Irmãos-Sudras.
Com o passar do tempo eles ficaram grandes e sendo muito fortes e também ferozes e furiosos, saíram saqueando ao redor, indo tão longe como saquear um presente que estava sendo transportado para o rei. O povo se amontoou no jardim da corte do rei, reclamando, “Os filhos de Andhakavenhu, os Dez Irmãos, estão saqueando a terra !” Então o rei mandou chamar Andhakavenhu e o censurou por permitir que seus filhos roubassem. Do mesmo jeito as reclamações foram feitas três ou quatro vezes e o rei o ameaçava. Ele temendo por sua vida suplicou o dom da incolumidade ao rei e contou o segredo, de como não eram seus filhos mas de Upasagara. O rei ficou atônito. “Como podemos pegá-los ?” ele perguntou aos cortesãos. Eles responderam, “Senhor, eles são lutadores. Vamos patrocinar disputas de lutas na cidade e quando eles entrarem no ringue nós os pegamos e os matamos.”
O ringue de luta foi preparado em frente ao portão do rei ; havia um estádio para os jogos, o ringue decorado alegremente, as bandeiras vitoriosas amarradas. Toda a cidade estava uma torvelinho ; fila após fila alinhava os assentos, fileira atrás de fileira. Canura e Mutthika desceram para o ringue e empertigados pulavam, gritavam e batiam as mãos. Os Dez Irmãos vieram também. No caminho saquearam a rua das lavanderias e vestiram-se em roupas de cores brilhantes e roubando perfumes das lojas de perfumes e coroas de flores de floristas,com seus corpos ungidos, guirlandas nas cabeças.brincos nas orelhas, empertigaram-se no ringue pulando, gritando, batendo as mãos.
Naquele momento, Canura andava e batia as mãos perto. Baladeva, vendo-o , pensou, “Não tocarei naquele sujeito lá com minhas mãos !” e pegando uma correia grossa no estábulo dos elefantes, pulando e gritando ele a atirou ao redor da barriga de Canura e juntando as duas extremidades as amarrou e levantando-o, o rodou em cima da cabeça e o esmagou no chão, rolando-o para fora da arena. Quando Canura estava morto, o rei enviou Mutthika. Levantou-se Mutthika, pulando, gritando batendo as mãos. Baladeva bateu nele e esmagou seus olhos ; e enquanto ele gritava - “Não sou lutador ! Não sou lutador !” Baladeva amarrou suas mãos dizendo, “Lutador ou não, é o mesmo para mim,” e o atirou no chão matando-o e atirando-o para fora da arena.
Mutthika em seus estertores de morte, pronunciou uma prece - “Possa me tornar um duende e devorá-lo !” E ele se tornou um duende, na floresta chamada pelo nome de Kalamattiya. O rei disse, “Retirem os Dez Irmãos Sudras.” Naquele momento, Vasudeva atirou um disco que cortou fora as cabeças dos dois irmãos ( o rey e o vicerey ). A multidão, aterrorizada, caiu aos pés dele e buscaram refúgio e proteção nele.
Assim os Dez Irmãos, tendo matado seus dois tios, assumiram a soberania da cidade e Asitañjana e trouxeram seus pais para ela.
Eles agora estabelecidos, pretendiam conquistar toda a Índia. Pouco depois chegaram na cidade de Ayojjha, o trono do rei Kalasena. Esta eles rodearam destruíram a floresta em volta fizeram uma brecha no muro aprisionaram o rei e tomaram a soberania do lugar para suas mãos. Dali foram para Dvaravati. Bem, esta cidade tem de um lado o mar e de outro as montanhas. Diziam que o lugar era assombrado por duendes. Um duende estaria de vigília, e vendo seus inimigos, na forma de um burro zurra como zurra um burro. Imediatamente, por magia de duende toda a cidade elevava-se nos ares e depositava-se em uma ilha no meio dos mares ; quando o inimigo já havia ido embora, ela volta e se estabelece no seu próprio lugar novamente. Desta vez como usualmente assim que o burro viu os Dez Irmãos vindo, zurrou como zurra um burro. Eleva-se a cidade nos ares e estaciona numa ilha. Não viam cidade alguma e voltaram ; então a cidade voltou para seu lugar novamente. Eles retornaram – novamente o burro fez como antes. A soberania desta cidade de Dvaravati eles não conseguiram tomar.
Então eles foram visitar Kanha Dipayana ( o sábio do Jataka 444 ) e disseram : “Senhor, falhamos em capturar o reino de Dvaravati ; nos diga como fazê-lo.” Ele disse : “Em uma vala, em tal lugar, está um burro andando ao redor. Ele zurra quando vê um inimigo e imediatamente a cidade se eleva nos ares. Vocês devem pedir a ele o modo de realizar o objetivo de vocês.” Eles então pediram licença ao asceta e foram todos os dez até o burro e suplicando a ele disseram, “Senhor, só você pode nos ajudar ! Quando viermos para tomar a cidade, não zurre !” O burro respondeu, ”Não posso não zurrar. Mas se primeiro quatro de vocês trouxer grandes arados de ferro e nos quatro portões da cidade enterrarem grandes postes de ferro no chão e quando a cidade começar a se elevar, se vocês fixarem ao poste uma corrente de ferro amarrada ao arado, a cidade não será capaz de se elevar.” Eles agradeceram ; e ele não emitiu um som enquanto pegavam arados e fixavam postes no chão dos quatro portões da cidade e ficaram esperando. Quando o burro zurrou, a cidade começou a se elevar mas aqueles que estavam nos quatro portões com os quatro arados, tendo fixado os postes de ferro no chão comcorrentes amarradas ao arado, a cidade não podia se elevar. Com isto os Dez Irmãos entraram na cidade, mataram o rei e tomaram o reino. [ n. do tr. : nos Puranas a cidade de Dvaraka é construída para que cercada pelos mares possam se proteger de inimigos muitos em um tempo de muita guerra : Sri Krishna com o poder da Yoga transfere os cidadãos todos para dentro dela ].
Assim eles conquistaram toda a Índia e em sessenta e três mil cidades eles mataram na roda os reis delas e viveram em Dvaravati, dividindo o reino em partes. Mas esqueceram sua irmã, a Senhora Añjana. Então “Façamos onze partes deste todo,” disseram eles. Mas Amkura respondeu, “Dêem minha parte para ela e eu farei algum negócio para viver ; mas que cada um desconte no próprio país minhas taxas.” Eles consentiram e deram a parte dele para a irmã ; e com ela viveram em Dvaravati, nove reis, enquanto Amkura embarcou fazendo comércio.
Com o passar do tempo, eles todos cresceram com filhos e filhas ; e após passar muito tempo, os pais morreram. Naquela era dizem que a vida humana era de vinte mil anos.
Então um filho querido do grande Rei Vasudeva faleceu. O rei, meio morto de tristeza, negligia tudo e deitado lamentava-se segurando o estrado da cama. Então Ghatapandita pensou consigo mesmo, “A não ser eu mesmo ninguém será capaz de aliviar a dor de meu irmão ; encontrarei um jeito de acalmar sua dor para ele.” Então assumindo uma aparência de louco, andava por toda a cidade olhando para o céu e gritando, “Deem-me uma lebre ! Deem-me uma lebre !” Toda a cidade estava excitada : “Ghatapandita ficou doido !” diziam. Justo então um cortesão chamado Rohineyya, entrou na presença do Rei Vasudeva e começou uma conversa com ele recitando a primeira estrofe :

Krishna Kanha, levante-se ! Por quê fechar os olhos para dormir ?
Por quê jaz aí ? Teu próprio irmão – veja, os ventos levaram sua
Consciência e sabedoria ! Ghata delira, oh tu de longos cabelos pretos !

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Quando o cortesão falou assim, o Mestre percebendo que ele levantara-se, em sua Perfeita Sabedoria pronunciou a segunda estrofe :

Assim que Kesava de longos cabelos escutou o grito de Rohineyya,
Levantou-se todo ansioso e preocupado com o sofrimento de Ghata.

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Levantou-se o rei e rapidamente desceu de seus aposentos ; e dirigindo-se até Ghatapandita, segurou-o com as duas mãos e falando com ele, pronunciou a terceira estrofe :

Com jeito louco, por quê atravessas Dvaraka,
E gritas repetidamente 'Lebre, lebre !' Diga, quem lá tirou a lebre de ti ?

A estas palavras do rei, ele só respondeu repetindo o mesmo grito de antes novamente. O rei contudo recitou mais duas estrofes :

Seja de ouro ou feita de jóias finas
Cobre, prata, como queiras,
Concha, pedra ou coral, diga
Farei uma lebre.

E muitas outras lebres há, que vagam na larga floresta,
Elas podem ser trazidas, as farei serem pegas : diga, que decides ?

Escutando estas palavras do rei, o sábio homem respondeu repetindo a sexta estrofe :

Não busco lebre terrena mas aquela na lua :
Faça-a descer, Ó Kesava ! Não peço outro dom !

Sem dúvida meu irmão ficou louco,” pensou o rei, quando escutou isto. Em grande dor, falou a sétima estrofe :

Em verdade, meu irmão, morrerás se fazes tal pedido,
E pedes aquilo que ninguém deve pedir, a lebre celestial lunar.

[ n. do tr. : a quarta estrofe ocorre tb no Jataka 449 e a Lebre na Lua no Jataka 316 em que ela se atira no fogo do sacrifício em oferta de si mesma. Kanha é mais um nome de Krishna aqui. ]

Ghatapandita, escutando a resposta do rei, ficou imóvel como um tronco e disse : “Meu irmão, sabes que se uma pessoa pede a lebre na lua e não consegue obtê-la, ela morrerá ; então por quê choras por teu filho morto ?”

Se, Kanha, sabes disto e podes consolar a dor de outro,
Por quê ainda choras o filho que morreu a tanto tempo atrás ?

Ele então continuou, em pé lá na rua - “E eu irmão peço apenas por o quê existe mas você se lamenta pelo que não existe.” Então ele o instruiu repetindo mais duas estrofes :

'Meu filho nasceu, que ele não morra !' Nem homem nem deidade
Pode ter esta dádiva ; então por quê pedir pelo quê nunca pode existir ?
Nem encantos místicos, nem raízes 'máyacas', nem ervas, nem dinheiro gasto,
Podem trazer de volta à vida aquele fantasma por quem choras, Kanha.

O Rei, escutando isto, respondeu, “Tua intenção foi boa, querido irmão. Você fez isto para acabar com meu problema.” Então em louvor de Ghatapandita ele repetiu quatro estrofes :

Homens tenho sábios e excelentes que me dão bom conselho :
Mas agora Ghatapandita me abriu os olhos
Eu queimava como quando alguém joga combustível no fogo ;
Trouxestes água e abrandaste a dor do meu desejo.

Sofria por meu filho, uma cruel flecha estava alojada dentro do coração ;
Consolaste-me no meu sofrer e retiraste o dardo.

A flecha extraída, livre da dor, tranquilo e calmo estou
Escutando,Ó jovem, tuas palavras verdadeiras, não mais choro nem lamento.

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E por fim :

Assim faz o misericordioso e assim aqueles realmente sábios :
Eles libertam do sofrimento qual Ghata aqui seu irmão mais velho libertou.

Esta estrofe é da Perfeita Sabedoria.

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Deste modo foi Vasudeva consolado pelo Príncipe Ghata.
Depois de passar muito tempo, durante o qual legislou seu reino,os filhos dos dezirmãos pensaram : “Eles dizem que Kanha Dipayana é possuidor de insight divino. Vamos testá-lo.” Então procuraram um garoto e o vestiram e colocando um travesseiro na barriga dele o fizeram parecer que estivesse com filho. Então o levaram à presença dele e perguntaram, “Quando, Senhor, esta mulher dará a luz ?” O asceta percebeu ( com sua visão miraculosa ) havia chegado da destruição dos dez irmãos ; então, olhando para ver qual o fim de sua própria vida, percebeu que deveria morrer naquele mesmo dia. Então ele disse, “Jovens senhores, o quê este homem é para vocês ?” “Responda-nos,” falaram persistentemente. Ele disse, “Este homem no sétimo dia a partir de agora dará à luz um nó de madeira de acácia. Com isto ele destruirá a linhagem de Vasudeva, mesmo que vocês peguem o pedaço de madeira e o queimem e joguem as cinzas no rio.” “Ah, falso asceta !” eles disseram, “um homem não pode nunca gerar uma criança !” e o mataram enforcado imediatamente. Os reis mandaram chamar os jovens e perguntaram a eles por quê haviam matado o asceta. Eles ficaram assustdos quando escutaram tudo. E colocaram um guarda no garoto ; e quando no sétimo dia ele evacuou da barriga um nó de acácia eles o queimaram e jogaram as cinzas no rio. As cinzas flutuaram no rio e grudaram no lado do portão de trás ; e dela brotou uma planta eraka.
Um dia, os reis propuseram que se divertissem e brincassem n'água. E vieram parao portão de trás ; e fizeram erigir um grande pavilhão e neste belo pavilhão comeram e beberam. Então de brincadeira começaram a pegar mãos e pés e dividindo em dois times acabou virando uma briga. Por fim um deles não achando nada com que bater pegou uma folha da planta eraka e assim que tirou se tornou um porrete de madeira de acácia nas mãos dele. Com isto ele bateu em muita gente. Depois os outros também tiraram folhas e enquanto tiravam tornavam porretes e com eles esbordoavam uns aos outros até que estavam mortos. Enquanto estes destruíam uns aos outros quatro apenas - Vasudeva, Baladeva, senhora Añjana irmã deles e o capelão – montados numa carruagem fugiram ; o resto morreu todos.
Bem, estes quatro, fugindo de carro chegaram na floresta Kalamatrika. Lá Mutthika o Lutador havia nascido tendo se tornado de acordo com sua prece um duende. Quando ele percebeu a aproximação de Baladeva, ele criou uma cidade no lugar ; e tomando a aparência de um lutador e seguiu pulando e gritando “Quem quer brigar ?” “Irmão, vou tentar derrubar este sujeito.” Vasudeva tentou o máximo que pode prevenindo-o mas ele desceu do carro [ que deveria estar em alta velocidade ] e foi até ele estalando os dedos. O outro apenas o pegou na palma da mão e o devorou feito um rabanete. Vasudeva percebendo que estava morto seguiua noite inteira com sua irmã e o capelão e ao nascer do dia chegou numa vila da fronteira. Ele deitou ao abrigo de um arbusto e mandou sua rimã e o capelão para a cidade com ordens de cozinharem alguma comida e trazerem para ele. Um caçador ( chamava-se Jara ou Velhice ) percebeu o arbusto se mexendo. “Um porco com certeza,” ele pensou ; jogou a lança que atingiu o pé dele. “Quem me feriu ?” gritou Vasudeva. O caçador, vendo que tinha ferido uma pessoa, fugiu aterrorizado. O rei recobrando o espírito, levantou e chamou o caçador -”Tio, venha cá, nada tema !” Quando ele chegou - “Quem é você ?” perguntou Vasudeva. “Meu nome é Jara, meu senhor.” “Ah,” pensou o rei, “quem velhice fere morre, assim dizem os antigos dizem. Sem dúvida devo morrer ho-je.” Então falou, “Nada tema, Tio ; venha, amarre meu ferimento.” A abertura da ferida estancada , o rei o deixou partir. Grandes dores o atingiram ; não pode comer a comida que os outros trouxeram. Então Vasudeva mesmo falou aos outros : “Ho-je morro. Vocês criaturas delicadas não serão capazes de aprender nada para sobreviver ; então aprendam esta ciência comigo.” E assim falando ele ensinou-os uma ciência e os deixou ir ; e morreu imediatamente.
Assim excetuando a senhora Añjana pereceram todos, é dito.

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Quando o Mestre terminou este discurso, disse, “Irmão Leigo, assim as pessoas livram-se da dor por um filho escutando sábias palavras antigas ; não pense nisto.” Declarou as Verdades ( na conclusão das Verdades o Irmão Leigo foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho ), e identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda foi Rohineyya, Sariputra era Vasudeva, os seguidores de Buddha eram as outras pessoas e eu mesmo era Ghatapandita.”