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“Faço o
certo ...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto
residia em Jetavana, sobre como Devadatra foi engulido pela terra.
Eles se reuniram no Salão da Verdade para conversar : “Amigo,
Devadatra tornou-se inimigo do Tathagata e foi engulido pela terra .”
O Mestre entrando perguntou sobre o quê conversavam lá
sentados. Eles disseram. Ele respondeu, “Agora, Irmãos, ele
foi engulido pela terra porque planejou um golpe em minha autoridade
vitoriosa ; mas anteriormente ele planejou um golpe na autoridade do
direito e foi engulido pela terra e seguiu seu caminho para o ínfero
mais profundo.” Assim falando ele contou uma história do
passado.
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Certa
vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu no
mundo dos sentidos como um dos deuses, e foi chamado Dharma, ou
Direito ( Dever ), enquanto Devadatra foi chamado Adharma, ou Erro.
No jejum da
lua cheia de tarde quando as refeições são
oferecidas, os homens estavam sentados cada qual em sua porta no
campo e na cidade e na capital real, quando Dharma apareceu diante
deles, pousado nos ares em sua carruagem celestial, montado e
adornado com arreios celestes no meio de uma multidão de
ninfas e assim se dirigiu a eles :
“Não
tirem a vida das criaturas ( e os outros dez caminhos para evitar a
conduta errada, cumprir o dever de serviço para com a mãe
e o dever de serviço para com o pai e o triplo curso do
direito ( obrar certo, falar certo e pensar certo ) ) ; assim sereis
destinados ao céu e recebereis grande glória.” Deste
jeito ele urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos retos e fez o
circuito solene ao redor da Índia no sentido anti horário.
Mas Adharma os ensinava, “Matem o quê vive,” e deste
jeito urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos do erro e fez o
circuito ao redor da Índia no sentido horário.
Bem,
suas carruagens encontraram-se face a face no meio dos ares e suas
multidões de ajudantes perguntaram uma à outra, “Vocês
são de quem ? Vocês são de quem ? “ Elas
responderam, “Nós somos de Dharma, nós somos de
Adharma,” e pararam de modo que os caminhos estavam divididos.
Mas Dharma disse a Adharma, “Bom senhor, tu és Adharma e eu
sou Dharma ; tenho direito ao caminho ; coloque sua carruagem no
acostamento e me dê passagem,” repetindo a primeira estrofe
:
Faço o
certo, a fama das pessoas é graça minha,
Sábios
e brahmins a mim sempre exaltam,
Venerado
pelas pessoas e deuses, o direito de passagem
É meu.
Dharma sou : então, Ó Erro, saia do caminho !
Seguem seis estrofes,
um respondendo ao outro.
No forte carro
do Erro no alto entronizado
Sendo poderoso
nada há que possa me aterrorizar :
Então
por quê deveria, quem nunca ainda deu passagem,
Abrir caminho
ho-je para Dharma me deixar para trás ?
O Dharma da
verdade se manifestou primeiro,
Primordial
ele, o mais velho, e o melhor ;
Erro
era mais novo, nasceu depois de um tempo.
Abra o
caminho, meu jovem, ao comando do mais velho.
Nem se você
valesse isto, nem se pedisse,
Nem se fosse
apenas justo, daria caminho :
Aqui
vamos nós dois ho-je travar batalha ;
Terá o
lugar, quem quer que vença a luta.
Saiba que
estou em todas as regiões longe perto
Forte, de
glória ilimitada, sem igual,
Todas
as virtudes estão unidas na minha forma.
Dharma sou :
Erro, como podes vencer aqui ?
Pelo ferro o
ouro é batido, e nunca
Ouro para
bater ferro jamais vimos :
Se
Erro contra Dharma vencer a luta ho-je,
Ferro ficará
tão belo quanto o ouro.
Se você
realmente é forte na luta,
Apesar de nem
bom nem sábio ser o quê dizes,
Engolirei
todas as suas palavras ruins ;
E a
contragosto te tiro do caminho.
Mas naquele
momento mesmo em que o Bodhisatva repetiu esta estrofe, Adharma não
podia mais ficar de pé no carro e mergulhou de cabeça
na terra que abriu um fenda para recebê-lo e nasceu novamente
no ínfero mais profundo.
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O Abençoado
logo que percebeu o quê acontecera, recitou em sua Perfeita
Sabedoria as estrofes restantes :
Logo as
palavras escutadas, Erro das alturas
Mergulhou
de cabeça para baixo para fora de vista :
Este
foi o fim e o fado medonho de Erro.
Não
tive batalha apesar de querer lutar.
Assim
pelo Poder da Paciência jaz
Conquistado
o Poder Guerreiro de Erro que morreu
Engulido
pela terra : o outro, alegre, forte,
Armado com
a Verdade, em seu carro apressou-se em partir.
Quem em
sua casa não presta a devida observância
Aos pais,
sábios, brahmins, quando cae
O
corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Ele,
deste mundo, vae direto para o ínfero,
Como
Adharma caiu de cabeça para baixo.
Quem em
sua casa presta toda a devida observância
Aos pais,
sábios, brahmins, quando cae
O
corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Apressa-se
direto deste mundo para o celeste,
Qual
Dharma em sua carruagem buscou os céus.
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Quando o
Mestre terminou este discurso, ele disse, “Não apenas agora,
Irmãos, mas em tempos antigos também, Devadatra me
atacou e foi engulido pela terra “ : então ele identificou
o Jataka - “Naquele tempo Devadatra era Adharma e seus ajudantes
eram os ajudantes de Devadatra e eu mesmo era Dharma e os ajudantes
do Buddha eram os ajudantes de Dharma.”